quinta-feira, 28 de março de 2013

Deus quer "acontecer" na sua vida


Hoje recebi uma pergunta de uma estudante sobre algo que eu disse no QGM, na última sexta. A pergunta foi essa:
“Quando você disse: "Deixe Deus acontecer em sua vida!", fiquei pensando e até hj isso não sai da minha mente...como posso deixar Ele realmente acontecer? Me explica melhor essa expressão?....Obrigada.”
No contexto da mensagem, eu me referia a uma diferença entre Deus e os demais deuses, que são representados de maneira física, material, estática, entanto Deus prefere ser lembrado como um Deus de acontecimentos: ele é vivo, real, dinâmico e quer fazer parte da nossa história. Não semente isso, ele quer ser o Senhor dela. Ele quer ser lembrado como parte de nossos acontecimentos e como o protagonista deles. Ele quer “acontecer na nossa vida”. Como o sol que ilumina o dia (na verdade, ele faz como que o dia seja dia), quando Deus “acontece” em nossa vida, nada mais pode ser da mesma forma. Tudo é novo.
A expressão “Deus quer acontecer em sua vida” expressa tudo isso e muito mais. Esse é o propósito das expressões poéticas: tentar expressar o que não conseguiríamos de outra forma. Uma outra forma de fazer isso é através de histórias. Uma história que me veio à mente enquanto explicava o “Deus quer acontecer na sua vida”, é a história dos dois discípulos a caminho de Emaús:

E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles.
Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem.
E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes?
E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?
E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram.
E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;
E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.
E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram.
E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?
E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe.
E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu.
Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes.
E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles,
Os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão.
E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.” (Lucas 24.13-35)

Note no texto como estavam cabisbaixos e melancólicos os discípulos. Para eles, o Senhor havia morrido e, com ele, todo o sonho cultivado durante os anos anteriores. Eles se esqueceram da palavras de Jesus, que este ressuscitaria. Eles estavam tomados por tanta tristeza e horror dos dias anteriores, que não conseguiam enxergar mais do que a visão esmagadora do seu Cristo morto – mesmo após o testemunho das mulheres que haviam encontrado o sepulcro vazio.
O próprio Jesus se colocou ao lado deles, mas eles não o reconheceram. Como tanto acontece conosco, eles não estavam conscientes da sua presença. Então, eles começam a contar para o “estranho” sobre o que aconteceu. Note como eles falam de Jesus, com alguém que “era”, como um “grande profeta” (a essa altura, eles já deveriam saber que Cristo era bem mais que isso) e como alguém vencido pelos homens maus (assim, alguém menor do que é). Jesus já havia quase se tornado um “vulto” do passado pra eles. Mais que isso, de certa forma até uma desilusão (veja o versículo 21). A falta de consciência de um Deus vivo, dinâmico, real, presente e Senhor de tudo, pode nos fazer enxergá-lo ou tratá-lo de modo bem parecido como os falsos deus são tratados.
Foi quando Jesus “aconteceu” novamente na vida daqueles discípulos que tudo mudou. Foi quando Jesus partiu o pão é que seus olhos foram, finalmente, abertos. Num piscar de olhos, Jesus deixa de ser o profeta vencido, o vulto do passado, o morto, para se tornar, novamente, o Cristo vivo e presente em suas vidas. A visão repentina fez toda a diferença. Agora eles perceberam que Jesus já estava com eles, mas eles ainda não estavam conscientes disso (“Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?”). Agora a sua atitude para com Jesus era outra. O “acontecimento” deu forças onde parecia não haver mais. Deu ânimo novo e uma nova direção. Alegres, eles voltam imediatamente para Jerusalém, de onde haviam saído. E foram encontrar-se com os outros discípulos pra contar a grande novidade, o grande acontecimento.
Jesus “aconteceu” na vida deles, e ele amou isso! Jesus ama estar com seus discípulos. Ele não quer ser só um peregrino. Ele quer entrar em nossa intimidade (representada nesta história pela casa), ele quer partir o pão (comunhão) e quer compartilhar de sua vida hoje conosco. Os discípulos tiveram essa experiência com ele longe do centro religioso da época: foi dentro de sua casa! Em uma situação simples e cotidiana de suas vidas. Pense nisso!

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