segunda-feira, 12 de maio de 2008

Na Terra de Evo Morales (ou do Gás Natural)

Sei que hoje, quando nós, brasileiros, ouvimos o nome “Bolívia”, logo o associamos a Evo Morales e a problemática do gás natural vindo daquelas terras. Recentemente, a Bolívia voltou aos noticiários por conta do referendo sobre a autonomia do departamento de Santa Cruz de la Sierra (a propósito, o que ocorreu em clima muito mais tranqüilo do que o que foi noticiado na imprensa).

O referendo aconteceu no dia 5 de maio, e exatamente no dia seguinte embarquei para Santa Cruz, para atender a um treinamento oferecido pela Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo a obreiros da América do Sul.

Trata-se de um programa de três anos, divididos em seis módulos*. Em cada semestre, pequenos grupos vindos de Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Chile, se reúnem durante uma semana em um destes países para um treinamento na área de liderança.

Do Brasil fomos em quatro, incluindo Gilberlei Oliveira, que é nosso diretor do movimento estudantil no Brasil, e outros 3 obreiros: eu e Lucélia, da equipe do Rio, e Cleiton, da equipe de Fortaleza.

Este módulo tratou de mordomia e desenvolvimento de recursos (incluindo humanos). Fizemos também um apanhado dos módulos anteriores e uma avaliação de como temos aplicado o conteúdo em nossas vidas e no ministério.


Minha experiência

Pela primeira vez pude perceber o quanto esse treinamento é e será importante para o nosso movimento e para todos aqueles que estiverem em contato conosco. Agora percebo que estamos sendo treinados para passar adiante o que temos recebido, até que tenhamos um movimento alinhado e mais capacitado para fazer o que Deus nos chamou para fazer com mais competência.

Pra mim também foi muito importante a comunhão com os participantes – que se torna maior e mais gostosa a cada módulo que passa. Alguns noivaram, outros se casaram e outros tiveram filhos durante este tempo. Tem sido muito bom acompanhar o ministério e a vida de cada um.

Foi muito bom acompanhar como o movimento tem crescido em cada país. E eu gostaria de destacar aqui um testemunho que eu ouvi da Bolívia.


De um para oitenta, em menos de um ano!

Um jovem obreiro chamado Walter, iniciou recentemente o ministério explosivo em uma universidade de Santa Cruz. Tudo começou assim: no ano passado ele desafiou um estudante a participar da conferência Campus Mission 2007, em Julho, na Coréia do Sul (veja mais na barra lateral). O nome deste estudante é Tito. Ele ficou animado e começou a se preparar para o evento. Como parte da preparação, aceitou o convite do Walter de iniciar um discipulado com ele. Em um dos encontros, o Tito levou um amigo não cristão. Esse amigo, após ouvir tudo, ouviu também o evangelho e recebeu a Cristo. Sua conversão foi dessas que muda radicalmente a vida de uma pessoa e logo ele começou a causar um impacto muito grande por onde ia.

Os três passaram a reunir-se e foram ao CM2007, juntamente com a namorada do Tito e outro estudante. Quatro, no total. Eles voltaram tão impactados de lá que começaram a evangelizar e se multiplicar rapidamente. Em pouco tempo um grupo de mais de 30 estudantes ganhos por eles se reuniam na casa do Walter. O grupo continuou crescendo e passou a se reunir na universidade. Hoje não é um grupo só. Eles se reúnem em horários diferentes e somam cerca de oitenta estudantes, quase todos novos convertidos. Na casa do Walter se reúnem apenas os líderes e eles estão sendo preparados agora para desenvolver o discipulado para que o movimento continue se multiplicando. Eles também se reúnem uma vez por semana às 6 horas da manhã para orar (fruto do impacto que sofreram pelo exemplo dos coreanos na oração). Enquanto oram, Deus os alimenta com estratégias, visão e, principalmente, paixão. Como disse o Walter, um grupo apaixonado faz toda a diferença!

O movimento em Santa Cruz (que lá se chama “Vida Estudantil”) tem uma reunião semanal com cerca de 300 jovens universitários. Eles agora estão lançando um desafio para que cada um se multiplique em 10, em um ano. Se isso acontecer, o movimento terá 3000 jovens se reunindo dentro de um ano!

Ouvi outras histórias como essas. Algumas da América Latina e outras de fora. Minha paixão é ver o mesmo – ou mais – acontecendo no Brasil.

Ao meu lado, o Walter (e uma estudante boliviana atrás)


Alcançando líderes naturais

Uma coisa que me chamou a atenção na estratégia do Walter é o alcance de líderes naturais. Quando um estudante influente se converte, o evangelho alcança rapidamente um número muito grande de outros jovens – inclusive jovens não tão influentes. Estes, por sua vez, crescerão e também se tornarão líderes (agora, tendo Cristo como modelo). Não se trata, portanto, de excluir ninguém, mas de uma estratégia que inclua todos e de modo mais rápido. Abordar esses líderes também é um desafio maior de fé para os estudantes cristãos e certamente eles crescem com isso. Eles também são forçados a depender mais do poder convencedor do Espírito Santo, o que gera um ambiente de desafio e fé no movimento.


Continuamos “no gás”! (Não o GNV)

Bem, como vocês devem estar pensando, eu voltei realmente muito animado da Bolívia. Tanto que mal descansei após o meu retorno. Estou elétrico demais para isso! Peço suas orações para que o que eu recebi lá não caia no esquecimento. Quero ver um movimento de multiplicação espiritual acontecendo aqui no Brasil – incluindo nas universidade do Grande Rio e da minha querida Friburgo. Ore para que Deus continue envolvendo pessoas que invistam financeiramente nesta obra, assim como nós mesmos investimos não só nossas finanças, mas nossa vida nisso. Peço isso porque ainda precisamos de investidores em nossa equipe para que possamos passar para o passo seguinte, que é o trabalho no campus, propriamente dito. Enquanto isso, que Deus nos dê sabedoria para orientar aqueles que estão ansiosos por iniciar um movimento em suas universidades.

Bem, quero agradecer a paciência daqueles que leram até aqui. Espero que tenham se edificado!

Um grande abraço e que Deus abençoe a todos!

Wesley


*Em cada módulo tratamos de um assunto específico. Até agora estudamos: Modelo de Liderança, Modelo de Movimento, Modelo de Equipe, Modelo de Crescimento e Desenvolvimento de Recursos (ou Mordomia). Todos os módulos (com exceção do módulo “Modelo de Crescimento”) foram ministrados por um time que inclui o vice presidente da Cruzada Estudantil, Steeve Sellers, o Diretor para a América Latina, Rolando Justiniano, os diretores nacionais Tito Ramos (Bolívia), Mario Bloise (Argentina) e Gil Oliveira (Brasil), Keith Onish, que é diretor do ministério de campus na Venezuela, Andréa Bucksynsk (líder da equipe Global de Desenvolvimento – uma equipe que cuida do desenvolvimento de liderança da Cruzada a nível mundial) e Tom Goodly (integrante da equipe Global de Desenvolvimento). O Módulo de Modelo de Crescimento foi ministrado em sua maior parte pelo escritor Henry Cloud.

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