Essas são as notícias de nosso missionário que está em Moçambique, dando continuidade ao trabalho por lá. A carta deles está muito bem escrita. Vale a pena ler!
Uma nota: o missionário moçambicano que ele comenta é o Domingos (coloquei uma foto de quando eu morei lá para vocês verem). Quem esteve na igreja sabe da história dele: foi o rapaz que Deus deu ousadia para evangelizar todos as turmas de seu curso de economia. Foi o mesmo que encontrei também durante a CM2007.
"Estou prestes a completar meu primeiro mês em Moçambique! Minha chegada foi difícil: o choque cultural, a distância e a solidão foram marcas das primeiras semanas. Já estive aqui ha dois anos atrás, por um mês. Mas desta vez realmente tenho conseguido entender muito melhor como funciona a cabeça dos moçambicanos de Maputo. Tudo aqui é muito devagar, não existe preocupação com horários e um encontro pode atrasar duas horas sem o menor constrangimento. Pode-se inclusive esperar estas duas horas e depois receber um telefonema dizendo não ser mais possível o encontro. Isto aqui é bem normal. Também é necessário muito cuidado no relacionamento: nesta cultura é uma ofensa criticar alguém na sua presença. Deste modo, de uma forma geral, se um moçambicano não gostar de algo que você fizer, ele nunca lhe dirá isto, mas falará muito mal de você fora da sua presença. Quando você aparecer de novo, lhe tratará bem, como se nada tivesse acontecido, mas com seus amigos, continuará a falar mal de você. Portanto é bem difícil saber com quem estamos lidando. Mas tudo vai se ajustando à medida que os dias se passam e a Graça de Deus permanece a mesma. O consolo do Pai chega a mim cotidianamente e já tenho alegria por estar aqui!
Moçambique funciona na base da negociação. Os preços são dados de acordo com a cara do cliente. Estrangeiros pagam mais caro por tudo! Há algumas compras que peço amigos moçambicanos para fazerem em meu lugar, assim conseguem melhores preços. Outra coisa bem diferente é a “mão inglesa”. O sentido dos carros é exatamente o contrário do que existe no Brasil, o volante é do lado direito do carro e quando olho para uma direção, os carros vem de outra!! Sempre há uma mão (de Deus) que me segura e impede que eu seja atropelado!!!!
A cidade de Maputo é o lugar mais ‘’ estruturado’’ de Moçambique. Em comparação com o restante do país está muito a frente! Encontramos tudo aqui, pouca coisa funciona, mas é uma maravilha comparada ao restante do país! Porém, é impossível esconder a miséria, a sujeira e a pobreza. Nos subúrbios as casas são de caniço (pedaços finos de bambu). Todos recorrem ao curandeirismo para obter auxílio para seus males. A consulta aos feiticeiros é tão comum quanto tomar um cafezinho no Brasil. Muitos são escravizados tendo que pagar promessas em cemitérios, dar oferendas aos supostamente espíritos de seus antepassados e muitas igrejas convivem com seus membros ainda envolvidos nesta prática. Desde a ascensão ao poder, até a cura de doenças, tudo passa pela feitiçaria. O poder que os chamados curandeiros possuem é muito temido aqui, suas magias matam pessoas e atemorizam tantas outras.
É uma grande batalha pela mente e coração destas pessoas. Ministerialmente nós, eu e Lucas, meu amigo e missionário que chegou há alguns dias para ajudar no trabalho, fomos desafiados pela direção nacional da Cruzada Estudantil de Moçambique a investir no discipulado da nova equipe de estudantes líderes. Vamos ser os mentores de alguns líderes estudantis cristãos e trabalharemos durante todo este ano acompanhando-os. Só há um único missionário
moçambicano servindo no ministério estudantil, e mesmo assim ele está em treinamento na Zâmbia. Fomos direcionados a levantar mais três pessoas, entre os estudantes prestes a se formar, para que ingressem no ministério de tempo integral! Desta forma nosso coordenador disse que tudo que nós fizermos este ano tem que ser pensando em levantar três novos missionários nacionais, esta é nossa prioridade: descobrir, incentivar e preparar trabalhadores!
Precisamos de sua ajuda e oração, amanhã já começamos uma série de treinamentos com estes estudantes. Precisamos do discernimento de Deus, precisamos ser certeiros, investir nas pessoas que o Senhor esta separando, não temos tempo a perder! Eu acredito que Deus já tem destacado estas pessoas. Vamos preparar o terreno para que floresçam os futuros missionários moçambicanos, queremos servi-los ensinando solidamente os princípios da fé e os aquecendo com o chamado de servir a Deus profundamente e sem reservas! É um investimento para o futuro. Tive a grata surpresa de chegar aqui e ver que alguns estudantes que abordei em 2006 agora já são líderes do movimento. Espero ver também, daqui a algum tempo, líderes que acompanhamos este ano se tornando missionários em tempo integral. Esta é a súplica, esforços e orações: para que Deus envie trabalhadores à seara e nos use como instrumento e resposta a esta necessidade!
Eliel Moura"
À direita, o Domingos, que agora é missionário.